Por fora, bela viola...
Aí sábado eu estava já indo embora da balada, mas um rapaz. Não estava dando muito bola – ô mania, maldita mania de não dar bola – até que olhei direito pra cara dele e nossa, bonito. O queixo... como alguns dos meus (05) leitores mais fiéis já devem saber, a-do-ro rapazes de rostos fortes, com aquele queixo quadrado que parece ter sido desenhado com régua depois de um cuidadoso cálculo dos ângulos exatos. Então, o dele é assim.
A gente no bar, papo vai, papo vem, beijo ou não beijo, ah, eu não tô fazendo nada, você também, beijo. Hummm bom até.
Depois desse primeiro beijo, ele me leva pra um canto nem tão canto assim. Outro beijo. 1 beijo + 1 beijo = 2 beijos = pouco. Nada. Mas creio que o rapaz achou que já era tempo suficiente pra me falar ao pé do ouvido: “quiero hacerte el amor”.
Amigo, veja bem: nos conhecemos há meia hora no máximo, eu não sei nem se deveria estar aqui deixando você meter a língua na minha boquinha, e você me vem com “hacerte el amor”?? Primeiro que “el amor” seria a última coisa que faríamos, afinal nos conhecemos há minutos e, até onde eu sei, essa de “amor” demora mais pra acontecer. Segundo, o quê?? Precisa de muuuuito pra fazer qualquer coisa assim comigo, meu bem. Por mais bonito que seja o seu maxilar.
Dei risada, falei “calma, comigo as coisas não funcionam assim, vamos devagar”. O rapaz me deu mais um beijo. E uma mão dele começou a subir em direção ao meu peito, enquanto a outra descia em direção a minha bunda. Eu segurei as duas e repeti: CALMA.
Pra resumir: o horror, o horror. Acho que o brutamontes estava tentando me excitar, porque ele me apertava como eu fosse uma pasta de dente no final, e me mordia, MORDIA FORTE, e fazia comentários sobre meu corpinho e coisas que ele gostaria de fazer com ele, mas ele não deveria dizer aquelas coisas naquele momento porque vem cá, te conheço? Era tudo muito fora de contexto. Não excitava, pelo contrário. Eu me debatia, aliás eu queria que tivesse um espelho na minha frente pra eu rir da minha própria cara de desespero. Eu falava que estava doendo, cheguei até a gritar de dor, tentava me desvencilhar, aí o Hulk parava mas começava a enfiar a língua no meu ouvido - quase comeu meu brinco – ou a tentar meter a mão nos recônditos da minha anatomia. Parecia que eu estava sendo engolida por um polvo, acho que ele tinha uns seis braços e no mínimo duas línguas. Não era possível.
Pedi calma várias vezes, mais devagar, me gusta más despacio, más tranquilo, mas não tinha jeito do cavernícola sossegar o facho. Quando eu achava que ele tinha sossegado e começava a curtir, ele voltava ao ataque. Desconfio que ele passou uns dois anos numa caverna, sem ver mulher, aí saiu, foi direto pra balada e me pegou. Que inferno!
Até que eu cansei e fui procurar minha amiga pra ir embora.
Saldo do ataque: TRÊS (03) chupões no pescoço e uma marca de mordida. Absurdo! Pensei até em denunciar o Brutus na Delegacia da Mulher por agressão. “A senhora tem provas?” “Tenho, olhe o meu pescoço!”.
E ele ainda pediu pra eu ligar pra ele. Mas meu, nem o queixinho milimetricamente desenhado e nem os ombros fortes valem o sacrifício.
Não é frescura, não é por nada, mas sabem, certas coisas devem ser feitas quando há clima. No caso, não havia. Havia para beijos tranqüilos entremeados de conversinhas banais, te gusta la Argentina, cuánto tiempo hace que estás acá, sei lá, qualquer coisa menos forçar tanto a barra.
Incrível, os argies são 8 ou 80. Ou são leeeerdos feito lesma retardada ou são rápidos demais... é tão difícil assim ter timing?
Queremos luz!
Ai, gente, a Argentina é hilária.
Hoje teve um apagão em vários bairros de Buenos Aires.
O que eles fizeram?? PROTESTO, óbvio!!! Cortaram uma importante avenida aos gritos de "Queremos luz! Queremos luz!". E o repórter dizendo que os moradores estavam revoltados, porque entre eles havia velhinhos e crianças que não podiam subir escadas para chegar às suas casas. E um monte de velhinhos e crianças no meio do protesto.
Ou seja, força pra subir cinco andares, eles não têm, mas pra ficar gritando e pulando na rua ás 10 da noite de uma segunda-feira, eles estão cheios de vitalidade!
É uma merda estar longe da sua terapeuta
Ai, que fase. Daqui um mês tudo vai estar acontecendo e eu estou ansiosa. Não a ponto de roer as unhas ou de cair cabelos, mas ansiosa. Alterno momentos de don´t worry be happy com sensações de quase pânico. Penso em que lindo será passar as férias na Suíça e ir pra Londres e pra onde mais eu poderia ir por ali?, mas também penso em quando estiver no aeroporto me despedindo da maman, do Xúnior e do Tango. Imagino meu apartamentinho novinho branquinho e cheirosinho, e meus amigos jantando lá enquanto conversamos amigavelmente falando mal dos outros, mas também imagino e se eu escorregar na banheira e bater a cabeça e desmaiar e sangrar até morrer porque não tinha ninguém pra me ajudar?
Besteira.
E não sei por quê a minha auto-estima anda mais pra baixo-estima. Viram, nem um bom trocadilho eu consigo fazer! Ando me achando a mais incapaz e incompetente e burra de toda a Incapazlândia. Fora a feiúra. Me sinto mal, quase ofendida, se estou perto de alguma mulher que seja bonita - ou que seja como eu gostaria de ser externamente. Quando estive com a minha irmã, que está magra, a fia-da-mãe, me senti meio apagada. E quando a pessoa em questão é magra e peituda, ódio! Ser peituda is my thing, sabe? Só que junto com os peitos, de brinde eu tenho gordurinhas que as magras, ódio, não têm. Uma imbecilidade, uma futilidade, eu sei, mas fazer o quê.
Algum motivo especial para tudo isso? Algum fato pontual? Não, nada. Pelo contrário. Fiquei em segundo lugar na categoria "melhores peitos" da votação que uns caras do trabalho fizeram. Bobagem, mas atire a primeira pedra a mulher que não gosta, mesmo que lá no fundinho, de ser lembrada em alguma idiotice do tipo. Morri de vergonha mas fez bem pro ego.
Está tudo bem no trabalho. Tive que dar explicações pro meu chefe sobre algo que lhe foi comentado pelo presidente da empresa, mas OK. Diferença de critérios, a partir de agora farei isso então, desculpe, obrigada, mas em nenhum momento minha integridade e competência foram postas à prova.
E tudo isso diz minha parte racional e consciente, quando me auto-consolo pensando "você não tem motivos para se sentir assim", e sei que não tenho, mas tô sentindo isso, dá licença? Obrigada.
Se uma amiga minha estivesse como estou, em todos os sentidos - ok, menos no amoroso, aliás estou pensando em escrever um post sobre minha total inabilidade com a raça masculina - continuando, se uma amiga minha estivesse como estou e me falasse todas essas coisas que escrevi, eu diria que ela é uma besta e que, vai ver, ela está precisando é de pinto. Assim, bem claramente.
Vai ver é disso que preciso. Ou não. Não acho que pinto resolva problemas. Pode ajudar ou pode dar mais problemas, mas resolver, não. Então não sei do que preciso. Acho que de nada, acho que só preciso que o tempo passe. E preciso parar de pensar demais.
Relendo este post me dei conta do ridículo da coisa toda. Só a ansiedade é que é normal, vocês hão de convir. Vai ver que o resto veio na rabeira, ou algum combo tipo "fique ansiosa porque a sua vida vai mudar e ganhe também uma crise totalmente grátis!".
Besteira. Daqui a pouco passa.
Frase do Dia
Homens são como bumerangues: eles sempre voltam.
EEEE!
Então, deu certo. A resposta que eu estava esperando era sobre um apartamento.
Minha história com ele foi amor à primeira vista. Na verdade eu tinha ido ver um na mesma rua e não estava indo muito com a cara dele. Aí saí na varanda e vi esse que estou alugando, que fica em frente. Todo bonitinho, novinho e com dois apartamentos para alugar, de duas imobiliárias diferentes.
No dia seguinte entrei no site de uma delas e tinha fotos do apê, preço e etc. Tudo lindo, branquinho, com garagem, zero quilômetro, pertíssimo do meu trabalho, piscina, churrasqueira, salão de festas, bom preço.... me empolguei! Liguei lá e... JÁ FOI ALUGADO. Aahhhh!
Aí liguei pro outro, o de cima, que não tinha site. Não estava alugado. Mas eles implicaram porque eu não tenho garantia, que é tipo um fiador e que tem que ter de qualquer jeito pra alugar um apê. É uma pessoa, em geral familiar, que garante que vai pagar ou dar algum bem caso você não pague. Como sou estrangeira, não tinha ninguém pra me ajudar nisso. A empresa também não ajuda porque eles só se responsabilizam nesse sentido por gente que eles trazem pra cá. Como me contrataram quando eu já morava aqui, problema meu. Aliás eu estava tendo bastante dificuldade por causa dessa história de não ter garantia.
"É condição sine qua non ter garantia, porque sem ela não adianta, blá blá blá..." Falei por cara da imobiliária se pelo menos podia ir ver o apê, porque por aí eu estava lutando por algo que nem queria. Ele concordou.
Quando fui lá... amei!!! E ainda joguei todo meu charme e simpatia pra cima do cara - muito do bonitão por sinal - contei toda a história da minha vida e propus pagar um ano de aluguel adiantado - porque com isso supostamente não precisaria de garantia, já que se eu paguei não tem como eu deixar de pagar, cazzo. Ele disse que ia falar com os propietários.
Depois de dias de suspense e espera... eles aceitaram!!! YYYEEEAAAHHH! Então agora já tá guardadinho lá pra mim, reservado, é só assinar o contrato no fim do mês e pronto. Só que o meu não tem garagem - o negócio de garagem em Buenos Aires é um caso à parte.
A garagem em geral é opcional, você compra separada do apartamento. Isso quando o prédio tem garagem, porque muitos não têm, principalmente os mais antigos. Inclusive você pode comprar só uma garagem em um prédio, sem comprar o apê! Ou pra usar ou alugar pra alguém. E dizem que são caríssimas! Estranho, né?
Vou ter que dar um jeito, deixar o carro em algum estacionamento perto, ver se tem vaga pra alugar no prédio ou em algum prédio vizinho.
Ah, e devo me mudar mais ou menos no meio de abril. Agora é comprar alguns móveis, geladeira, máquina de lavar, ver onde vou pôr o quê...
Dedinhos cruzados
Torçam, rezem, mandem energias positivas aqui pra Buenos Aires porque amanhã terei uma resposta sobre algo que quero muuuito que aconteça (não, não tem nada a ver com homem!)